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Ciência e Fé Cristã: Uma resposta com graça e verdade.


Esse processo não elimina o chamado ao arrependimento, mas o fortalece, pois parte de um olhar compassivo, que reconhece o valor e a dignidade de cada ser humano criado à imagem de Deus.
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Recentemente, deparei-me com a fala de um pastor que afirmou que a ciência que estuda o comportamento e as emoções do ser humano não é compatível com a fé cristã, alegando que a ciência da psiquê conduz as pessoas à acomodação em seus pecados, ao justificar comportamentos por meio de traumas ou transtornos emocionais. Tal perspectiva, embora infelizmente recorrente em alguns meios, revela uma compreensão limitada tanto desta ciência quanto da graça transformadora do evangelho.


Como cristã e terapeuta, creio firmemente que a verdadeira transformação humana ocorre por meio do encontro com Jesus Cristo. No entanto, reconheço que Deus, em sua graça, também nos concede ferramentas, através da ciência, que nos auxiliam a compreender as complexidades do sofrimento humano e a cooperar com o processo de restauração integral do ser humano no processo de reconciliar o ser humano consigo mesmo e à Deus no design original que este foi criado.


A terapia cristã não ignora a realidade do pecado, tampouco relativiza a responsabilidade individual. Pelo contrário, ela busca compreender os caminhos que levam ao sofrimento, aos padrões disfuncionais e às feridas emocionais, com o objetivo de conduzir a pessoa a uma vida de liberdade, responsabilidade , real identidade e propósito. Esse processo não elimina o chamado ao arrependimento, mas o fortalece, pois parte de um olhar compassivo, que reconhece o valor e a dignidade de cada ser humano criado à imagem de Deus.


Ao longo dos evangelhos, vemos que Jesus jamais tratou o ser humano de maneira reducionista. Ele enxergava a dor por trás do comportamento, o trauma por trás da resistência, e a identidade escondida sob o pecado. Acolheu a mulher samaritana com palavras de vida, tocou na vergonha da adúltera com compaixão, entrou na casa de Zaqueu antes mesmo que ele mudasse sua conduta. Em todos esses encontros, o resultado foi o mesmo: transformação profunda a partir de um encontro restaurador com a graça.


Portanto, não podemos afirmar que a ciência, especialmente quando praticada com uma cosmovisão cristã, promove a acomodação ao pecado. Ela pode, sim, ser um instrumento de Deus para revelar feridas ocultas, romper ciclos de sofrimento e conduzir pessoas ao arrependimento genuíno e à renovação de vida.


Que como instrumentos de Deus possamos valorizar os recursos que Deus tem nos confiado, discernindo com maturidade espiritual e teológica o papel da ciência na missão de cuidar das almas — não como substituta da fé, mas como serva da verdade que liberta.

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